Engenharia Química: estudar bastante?




O fato é: entrou-se na faculdade. Estamos fazendo o curso que queremos. Estudar muito?

Creio que muitos de vocês veem um olhar de espanto ou surpresa quando dizem cursar Engenharia. Muita gente acha que sou um cérebro ou que meu coeficiente de rendimento é 10, ledo engano. Inclusive, essa pressão, tanto familiar como externa é a causa de muito estresse na vida dos acadêmicos.



Os vestibulandos passam muito nervoso com a pressão de passar, e a própria pressão de conseguir ir pra faculdade que deseja no curso que deseja, mas se a família não apóia, é um fardo para carregarem sozinhos. Quando se tem apoio, tudo parece ser muito mais fácil, mesmo que o apoio da sua vó não vá te fazer tirar 10 em Cálculo, você se sente mais leve e mais confiante sabendo que alguém está torcendo por você.

Outro estresse constante na vida de quem já está cursando é a famosa "e aí, termina quando?". A gente faz piada, brinca com isso, mas é um estresse para quem está se cobrando. Infelizmente, muitos de nós passamos por certas situações que não se escolhe quando vai se passar. Esse ano meu pai faleceu e com certeza isso impactou meu desenvolvimento no curso, tanto financeiramente como intelectualmente. É claro que eu não planejava isso, e nem por isso evitou-se que acontecesse. As vezes a gente pega um professor que não conseguimos acompanhar o raciocínio ou que a didática não nos agrada e acabamos tendo um desempenho um pouco menor que o esperado.

Alguns passam por situações em casa que afetam o emocional, outros acabam não conseguindo conciliar o trabalho com os estudos mas precisam continuar trabalhando. Tudo isso rende um atraso na nossa formação. Eu quero muito terminar em tempo meu curso, mas nem sempre isso depende apenas de mim, compreende? É quase um mito terminar a faculdade exatamente no prazo, levando em conta as milhares de curvas que a vida dá. Eu defendo isso, pois mais do que em épocas passadas, estamos vendo estudantes se suicidando devido à tanta pressão que sofremos. As vezes falta apoio, as vezes falta dinheiro, as vezes a cabeça dá um nó, e as vezes tudo isso acontece junto.



E tudo isso vira uma bola de neve quando não temos um escape.

É necessário estudar sim, mas não em um grau que afete sua saúde. Se você sente que está estudando tanto que nem consegue efetuar as outras tarefas diárias corretamente, é bom rever a quantidade de cadeiras que está puxando. E se, como eu, está passando por uma situação difícil, não te condeno caso queira trancar por um semestre. Fazer terapia. Conversar um pouco mais com quem já passou por isso.
Tem disciplinas que nos exigem mais, que nos é cobrado mais.



E caso isso não esteja no seu alcance, não se sinta menos. Puxa em outro momento da sua vida. Mas caso nada externo esteja te atrapalhando e ainda sim você não tem alcançado um desenvolvimento satisfatório no curso, é interessante que você converse com seus professores, com a orientação pedagógica ou um terapeuta. Caso nenhuma dessas opções seja acessível, creio que sempre terá um amigo, seja no trabalho ou um veterano que você possa desabafar. Por vezes apenas nos falta um pouco mais de afinco e perseverança pra passar naquela matéria chata. E maturidade é a chave.

Muitas matérias as quais eu reprovei e depois de um tempo puxei de novo e passei, eu senti que me faltou um pouco de maturidade. Com o tempo os assuntos foram entrando e se encaixando melhor na minha cabeça. No início do curso, havia matérias que se eu precisasse de um 8 na P3, eu nem fazia a prova e reprovava direto. Hoje, nem que eu precise de um 10 na P3, eu vou lá e faço. Não deixo de tentar. Não é na base da sorte, mas na busca perseverante de bons resultados. Lembro de uma vez que eu havia zerado a P1 e consegui passar na matéria. Outra vez que minha nota estava insatisfatória e eu busquei melhorar, e consegui tirar a maior nota da turma. E passei!



É necessário sim ter uma rotina de estudos na Engenharia.

Lembro de ver algumas postagens no Facebook em páginas de humor se era mais difícil o início do curso ou o final. Hoje eu vejo que as dificuldades são diferentes.

No início, me faltava muita maturidade e disciplina para estudar. Eu reprovava e tirava notas ruins por que eu não estudava e nem tinha o afinco na hora de estudar. Não por que eram matérias incompreensíveis. Até em provas, algumas questões dava para tirar a nota inteira... Agora é correr atrás do preju.

Hoje, com as matérias mais avançadas, como Balanço de Massa e Energia, Fisico-Química, eu vejo que a dificuldade é realmente a complexidade dos assuntos. Nem sempre a gente vai entender de primeira. Teoria do Orbital Molecular, Química Quântica... São coisas que eu fico a tarde inteira lendo, relendo, buscando outras fontes, discutindo com colegas. Nessa época que você começa a aprender a estudar em grupo, começa a correr atrás de professor nos corredores.



No final do curso a matéria vai ser mais complexa, mas você vai ter a bagagem cultural de anos estudando, conhecer pessoas que podem te dar uma luz e saber onde buscar esse conhecimento. Já não vai ser tão difícil.

Há matérias mais difíceis que outras, mas se muitos estão se formando, por que eu não iria me formar? Mesmo que leve um ano a mais, nós vamos chegar até o esperado dia que vamos vestir nossas becas e capelos.

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